Costumamos dizer que a gravidez é um estado de graça. E é.
Mas, também é verdade que há muitas mulheres que, durante a sua gravidez, estão longe de se sentirem em estado de graça.
Pois é, algumas mulheres adoram estar grávidas, mas outras… nem por isso. E não há mal algum nisso. São muitas as que calam esse sentimento, mas é importante que alguém lhes diga que TEM o DIREITO de NÃO GOSTAR de ESTAR GRÁVIDA.
Sim, não tens de te sentir frustrada, ou menos confiante, se, por acaso, não vives a tua gravidez nesse ‘estado de graça’, associado a felicidade constante e carregada de coraçõezinhos fofos e cor-de-rosa.
Nem sempre a gravidez é fofa e cor-de-rosa. Aliás, é muito normal, que a gravidez tenha muitas cores e, algumas delas, bem escuras e até sombrias.
O não gostar de estar grávida é perfeitamente normal. Tao normal quanto o de adorar estar grávida.
Não há uma mulher igual à outra, não há uma gravidez igual à outra, não há um nascimento igual ao outro. Somos todos diferentes e sentimos as coisas de forma diferente. E essa diferença SÓ TEM de ser RESPEITADA.
Na verdade, a mesma mulher pode sentir a ambivalência de sentimentos. Ou seja, num momento adorar o seu estado de graça e, noutro, quase que o odiar. A gravidez é assim mesmo… uma montanha russa de emoções. Comporta muitas alterações físicas, emocionais, relacionais e psíquicas que podem afetar as mulheres de muitas maneiras diferentes.
Ora, a melhor forma de enfrentares toda esta avalanche de mudanças, é procurares quem te apoie. A ajuda de uma profissional faz a diferença e é quem melhor e mais competências tem para te auxiliar em todo o processo de mudanças. Vais ganhar informação, aceitar os teus sentimentos e sossegar o teu espírito e mente.
A minha experiência, enquanto enfermeira especialista em maternidade, diz-me o quanto vale uma mão que se estende, um ouvido que, realmente, ouve entende, uma voz que explica, serena e conforta… sem juízos de valor, sem preconceitos, sem comparações.
A maioria das mamãs que não gostam de estar grávidas até sentem medo em falar sobre os seus sentimentos, com receio de serem condenadas pelos outros. Se és uma delas, procura quem te ouça, procura um profissional que te acompanhe e que te fale abertamente sobre o que sentes. Porque o que SENTES é NORMAL.
A gravidez não tem que ser o melhor período das nossa vidas e isso não significa que não ames o teu bebé tanto quanto uma mulher que vive todos os momentos da gestação com um sorriso na cara.
Afinal, a gravidez é desafiante. As mudanças do corpo, as hormonas aos pulos, os enjoos, a perda de elasticidade no corpo, a azia, as noites sem posição na cama, o cansaço, a falta de memória, as oscilações de humor, a perda de independência… podem ser acontecimentos avassaladores.
Num estudo realizado, em Portugal, cerca de 13 por cento das mulheres afirmava que a maternidade não tinha sido o que esperavam. No entanto, as mesmas mulheres confidenciavam que, apesar de não se sentirem grávidas felizes, voltariam a ter filhos.
De facto, estar grávida não é o mesmo que ser mãe.
Na nossa sociedade, as mulheres ainda estão sujeitas a muitas pressões e isso pode influenciar a gravidez. Depois, pelo receio que sentem de serem julgadas, pela falta de informação, pela ausência de um profissional que, realmente, as ouça, preferem calar tudo o que sente e viverem a sua gravidez em silêncio e, tantas vezes, com maiores sentimentos de dor, incompreensão e frustração.
Afinal, são 40 semanas de constante turbulência.
No Pronto a Nascer, trabalhamos todos os dias para diluir essa turbulência. Por isso, se procuras um acompanhamento profissional ou queres saber mais sobre como este apoio profissional se realiza, não hesites em falar connosco.